terça-feira, 13 de abril de 2010

A Responsabilidade do Design Social

1 – Introdução

O saber organizado, disciplinado passa a coexistir com atitudes de sujeitos críticos e indagadores, capazes de agir criativamente na interseção de múltiplos campos do conhecimento. Propor que Responsabilidade Social, Educação Ambiental e Sustentabilidade não sejam apenas disciplinas, mas sim uma matéria em todas as disciplinas do curso de Design.

2 – Uma Reflexão Sobre a Crise do Meio Ambiente

A história da Humanidade pode ser contada pela evolução tecnológica, mas também pela devastação causada por ela ao meio ambiente. Sempre achamos que a natureza existe apenas para o nosso usufruto. Ao longo dos séculos devastamos, queimamos, extinguimos, derretemos, perfuramos, assoreamos, poluímos e contaminamos a Terra, afetando plantas e animais, e a qualidade da água e do ar. A natureza cansou de ser maltratada e dá o troco.
Enfrentamos hoje problemas ambientais mundiais e locais. Chuvas torrenciais deixam milhares de desabrigados no mundo, os desertos aumentam de tamanho a cada ano; as nevascas que isolam cidades inteiras. O mundo enfrenta uma de suas maiores crises sem precedentes.
Para mudar esse jogo cabe aos governos em todo o mundo adotar uma série de medidas, como por exemplo, uma nova política de exploração racional dos recursos naturais buscando o desenvolvimento sustentável.
Mas, e os cidadãos comuns, que vivem sua vida e pagam seus impostos? Esses personagens, geralmente, se sentem distantes disso tudo. Não percebem como eles poderiam ter alguma responsabilidade sobre os desastres ambientais e, que quando pensam no assunto, se perguntam: o que tenho a ver com isso? Tudo, respondem os educadores ambientais. Cada ação cotidiana nossa interfere no meio ambiente em que vivemos.
Pierre Weil, em seu livro A arte de viver em paz, chama a atenção para o momento importante de síntese, de integração e globalização. Momento em que a humanidade tem a grande chance de colar as partes que ela mesma fragmentou. “Ela mesma” somos nós, que dividimos o mundo em territórios, pelos quais matamos e morremos. A humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma espécie de “dor do crescimento”. Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris, educador e consultor da ONU em educação para a paz, Weil alerta que não se pode ignorar o óbvio: não haverá uma segunda Terra para ser destruída.

3 – Educação Ambiental na Sociedade

O educador Moacir Gadotti, autor do livro A pedagogia da terra considera que o termo terra traz, hoje um novo paradigma: o de um modelo de evolução que incorpora uma utopia, uma nova consciência. Consciência do que é sustentável e apropriado para a nossa existência num único endereço: a terra.
Gadotti radicaliza: “Considerando a terra como mãe!” (Gadotti, 2000) Quer dizer, enxergando o planeta como uma única comunidade de gêneros, espécies, reinos, educação formal, informal e não formal. No fundo, o educador radical propõe que todos promovam à vida envolvendo-se, comunicando-se, compartilhando, problematizando, relacionando-se, entusiasmando-se.
A educação é o elemento chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado.
Educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens de serviço, tomar decisões fundamentadas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, em usos simples e rotineiros, ou em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para “aprender a aprender”, de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação.
Pensar a educação na sociedade da informação exige considerar um leque de aspectos relativos às tecnologias de informação e comunicação, a começar pelo papel que elas desempenham na construção de uma sociedade que tenha a inclusão social como uma das prioridades principais.
Formar o cidadão não significa “preparar o consumidor”. Significa capacitar as pessoas para a tomada de decisões e para a escolha informada acerca de todos os aspectos na vida em sociedade que as afetam, o que exige acesso à informação e ao conhecimento e capacidade de processa-los judiciosamente, sem se deixar levar cegamente pelo poder econômico e político.
Os professores de design bem como os profissionais devem estar conscientes disso, e preparados para planejar um ambiente de trabalho de acordo com os princípios da ecologia. Com seu conhecimento e sua criatividade, eles propõem inovações que aproveitem os recursos (água, energia, material de construção) de forma mais adequada ao clima, e a cultura local, interferindo de forma positiva no ambiente.
Identificar nos objetos substâncias utilizadas no meio ambiente profissional, os recursos naturais que constituem os processos ou transformações pelas quais passaram, avaliando sua utilização ou possível substituição por produtos alternativos.
Fazer sempre questionamento: de onde vêm e como são fabricados, os produtos utilizados nos trabalhos? Seriam perigosos, oferecem riscos a saúde? Qual a melhor maneira de usá-los, os profissionais precisam conhecer bem seus materiais, até para substituí-los se possível ou necessário, estão em jogo a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores, do cliente da comunidade, além da integridade do ambiente.
Conhecer as substâncias e os processos industriais que originam os produtos, ajuda a saber se eles podem ou não ser reutilizados ou reciclados, depois que viram resíduos. Se o profissional tiver acesso a esses conhecimentos desde a sua formação, será muito mais fácil promover e participar de ações que ajudem ao meio ambiente.
Adotar uma postura crítica em relação ao consumismo e ao desperdício, aplicando no seu dia-a-dia procedimentos adequados de conservação e utilização dos recursos naturais. A postura ética de cada profissional em relação ao consumo deve ser discutida em todo o curso.
Hoje, vive-se uma fase em que não basta a empresa atender às exigências do consumidor: ela deve surpreendê-los com produtos inovadores. Isso porque as empresas de mesmo porte, de um mesmo setor, utilizam tecnologias similares e oferecem seus produtos no mercado com preços bastante parecidos. É preciso um diferencial e, nesse aspecto, entra em cena a imagem da empresa, seus valores e atitudes. As relações de mercado precisam ser transparentes, tanto entre as empresas de uma mesma cadeia produtiva, como entre empresa e funcionários e empresas e consumidores. Também prevalece o respeito com o meio ambiente e com a sociedade.
Educar crianças, educar jovens, educar. Mais que uma tarefa, mais que militância política, trabalho e dedicação. Criar planos de ação, considerar conceitos, teorias, reflexões, interações do desejo, da necessidade e da responsabilidade, usar o bom senso, o senso dos limites, repensar os espaços e as tarefas educacionais, formais e não formais, enfim repensar currículos.
Há de se esclarecer, então que a chamada educação ambiental não contém uma especificidade isolada, desconhecida; ela só existe na estreita relação da produção de um fazer educacional mais amplo com processos de transformação de toda a educação. A luta por uma educação ambiental livre e aberta é ,antes de tudo, política e ética, examinar o complexo de problemas que afligem os povos de todas as nações: pobreza em meio à abundância; deterioração do meio ambiente; perda de confiança nas instituições; expansão urbana descontrolada; insegurança de emprego, alienação da juventude; rejeição de valores tradicionais; inflação e outros transtornos econômicos e monetários.
Essa interação entre o homem e o seu meio ambiente parece ser o elo perdido da civilização atual, ávida em transformar o planeta de forma desenfreada, amoldando-o às suas supostas necessidades, praticando toda sorte de exploração intensiva e desordenada, impactando cada vez mais o seu meio, do que ressultou um considerável desequilíbrio na terra, colocando em risco a vida como um todo, um desequilíbrio que se faz presente não somente na forma de degradação dos elementos naturais e/ou artificiais e culturais, ou mesmo do exaurimento de vários dos recursos naturais, como, também, da própria degradação humana, representada, dentre outros, pela favelização urbana, pela miséria, pela violência, pela brutalidade com que se estabelece como prioridade os interesses econômicos em detrimento dos interesses sociais, fazendo com que significativa parcela da humanidade permaneça em estado de subnutrição, alijada totalmente da sociedade.
Essa realidade aterradora e dolorida, deixa claro que não basta o conhecimento tecnológico trazido pelo avanço da ciência para se alcançar o progresso, quando este , para ser atingido, e feito sem qualquer consideração, a custa do próprio solapamento humano, principalmente nos chamados países em desenvolvimento, em uma demonstração cabal de degeneração moral e cultural para com o próprio semelhante, haja visto o desprezo e a indiferença pela sua sorte, de forma que, e tal tem sido possível, não há que se estranhar a ausência de qualquer conscientização em relação a natureza, da qual, por mais paradoxal que pareça, depende a própria vida.

4 – A importância das instituições educacionais

Os primeiros movimentos ambientalistas surgiram da década de 60, motivados pela contaminação das águas e do ar nos países industrializados. Esse movimentos-aliados a busca de melhores resultados e a competitividade no setor produtivo – impulsionam a mudança de visão ocorrida a partir dos anos 90. Temos como desenvolvimento sustentável, esgotabilidade dos recursos naturais, reciclagem e gestão ambiental, entre outros, passaram a fazer parte dos governos, ganhar espaço na mídia e nas universidades, obtendo cada vez mais, legitimidade dentro da sociedade.
Pode-se dizer que o esforço de repensar os valores da modernidade torna-se, hoje, condição de sobrevivência da própria sociedade e está exigindo a participação de todos os grupos e instituições que compõem o tecido social.
Deveriam dar especial ênfase ao fortalecimento e eventual reorientação de programas de formação educativa, bem como a identificação e divulgação de práticas inovadoras. Ainda oferecer apoio à pesquisas de metodologias para o ensino interdisciplinar e a avaliação dos impactos propriciados por programas educativos relevantes.
Como Paulo Freire diz, incorporar pesquisas e ter rigorosidade metódica, ética, criticismo, estética, autonomia, bom senso, humildade, tolerância, curiosidade, comprometimento, liberdade, autoridade, diálogo e o querer bem geram no aluno a consciência de que tudo pode ser feito com responsabilidade social.
Os professores devem incentivar aos alunos desde a educação básica, e meio acadêmico a trabalhos relacionados com reciclagem de lixo, recursos hídricos, desmatamento, queimada, agrotóxicos, irrigação, manejo florestal comunitário, espécie ameaçadas de extinção, ecoturismo unidades de conservação e tantos outros temas, que em muitos casos estão também associados com questões étnicas, religiosas, políticas, geracionais de gênero e de exclusão social.
Afinal, o Design deve ter mais responsabilidade pelos produtos que desenvolve, pelos materiais que utiliza e aprender a ser mais responsável pela sociedade em que vive, e só mesmo aumentando seu repertorio de conhecimento e informação poderá utilizá-lo de forma mais consciente.
As instituições de ensino do Design deveriam considerar o quão importante na pedagogia é a importância do Design com responsabilidade social. Deveríamos aprender que a consciência do que é sustentável e apropriado para a nossa existência na terra. Portanto, os cursos de design deveriam ter como meta formar cidadãos com ética planetária, e que é preciso, urgentemente, reorientar a educação em direção à ecopedagogia.

5 – Como o design pode ajudar no projeto de sustentabilidade

Na abordagem mercadológica ambiental de desenvolvimento sustentável, a palavra chave é a eficiência, e as inovações tecnológicas devem garantir um melhor aproveitamento dos recursos naturais diminuindo os efeitos nocivos das atividades produtoras.
Entende-se que a sustentabilidade seria alcançada, por um lado, com a preservação e construção de comunidades sustentáveis.
O trabalho, como a sociedade, deve ser transformado, e é no processo dessa transformação que o indivíduo atual alcança sua verdadeira dimensão humana. A função pedagógica do trabalho material, como a da sociedade em geral, não depende apenas das condições em que é dado ao homem, mas também e, sobretudo, da luta dos homens contra essas condições. Uma vez mais, a relação pedagógica homem-ambiente não é unidirecional, mas dialítica.
Como proposta de educação em construção é necessário levar em consideração as concepções e perspectivas dos atores sociais sobre as temáticas da educação, do trabalho em educação ambiental, principalmente as formuladas por movimentos sociais, organizados privilegiados para a construção de uma proposta de desenvolvimento sustentável e democrático, pois são os que sofrem mais duramente os impactos e conseqüências das crises do trabalho e sócio ambiental.
Torna-se imprescindível enfrentar o desafio de propor alternativas ao modelo de educação vigente no sentido de construção de uma proposta educacional crítica comprometida com um projeto de desenvolvimento justo, solidário e sustentável para o país.
Garantir a existência de um ambiente sadio para toda a humanidade implica uma conscientização realmente abrangente, que só pode ter ressonância e maturidade através da Responsabilidade Social, Educação Ambiental e Sustentabilidade. Um processo educativo que envolva ciência, ética e uma renovada filosofia de vida; um processo realmente amplo, um chamamento à responsabilidade, planetária dos membros de uma assembléia de vida, dotados de atributos e valores essenciais, ou seja, uma capacidade de escrever sua própria história, informa-se permanentemente do que está acontecendo em todo o mundo, criar cultura e recuperar valores essenciais da condição humana e acima de tudo refletir sobre o futuro do Planeta.
Praticar uma nova forma de desenvolvimento em que o progresso não significasse danos ao meio ambiente, os recursos naturais ganhariam então duração e permanência garantindo a reprodução de gerações futuras – o que significa a possibilidade de a terra gerar benefícios para todos, incluindo as sociedades dos próximos séculos, em uma convivência pacífica e integrada a natureza. Conhecer experiências sustentáveis através de visitas a ONGS, escolas e instituições ambientais ajudam a compreender melhor o conceito de desenvolvimento sustentável.
Agenda 21- Rio /92 – entre algumas das ações propostas nos documentos estão a valorização da reutilização e da reciclagem, a busca por processos produtivos com menor desperdício e lixo e a preferência por produtos e empresas responsáveis com gestão ambiental.
Exemplos de iniciativas em prol da sustentabilidade local
Estão aqui listados alguns exemplos de produção que se enquadrariam neste novo modelo de produção e consumo.
As atividades econômicas têm suas raízes na comunidade, a ela prestam contas e nela distribuem os frutos da produção. Assim proporcionam condições para regenerar a comunidade, prestar serviços e tratar de seus problemas ambientais e sociais. Cabe ressaltar que muitas vezes reconhecidos internacionalmente, tornaram-se visíveis graças à contribuição do design que agregam valores, otimizando a produção e criam identidade visual para os produtos manufaturados nestas cooperativas de trabalhadores.
O couro vegetal da Amazônia – O Treetap (couro vegetal) é um tecido emborrachado com látex natural vulcanizado através de um processo tecnológico exclusivo, desenvolvido especialmente para a realidade dos seringais nativos da Amazônia. È utilizado para fabricação de bolsas, mochilas,pastas, artigos de vestuário,calçados, encadernações e revestimentos. A produção do Treetap é uma alternativa econômica para populações seringueiras, contribuindo para a valorização de suas culturas tradicionais e para preservação e uso sustentável da biodiversidade de suas terras indígenas e reservas extrativistas.
O campim dourado do Jalapão – Em Goiás, no Parque Nacional do Jalapão, comunidade locais sobrevivem da confecção de peças de capim que brilham como ouro e que chamaram a atenção de decoradores dos grandes centros do Brasil e do mundo. Para atender as encomendas que não param de crescer, a comunidade está se organizando em associação. Para ser transformado, o capim atinge a tonalidade dourada e deve ser feita antes da chegada da chuva. Tradicionalmente, são as mulheres da região que desenvolvem o artesanato. Contudo, com o aumento da procura, também os homens começam a trabalhar no trançado. O incremento definitivo à produção foi dado quando o Sebrae levou um designer paulista à comunidade para adequar as peças produzidas ao mercado consumidor.
Urucum para resgatar a identidade – A exportação de urucum propiciou à tribo iauanauás a implantação de posto médico, sistema de eletricidade movido a energia solar, equipamento para o beneficiamento das sementes da planta , além de estrutura para a educação.
O descartável na moda e na arte - Outro exemplo bem sucedido com material reciclado é o desenvolvido pela arquiteta e designer Rosângela Ortiz de Godoy, de São Paulo. No seu trabalho ela utiliza restos de tecidos, couros e fios de cobre para criar, em um tear manual, tapetes, passadeiras, mantas para móveis e jogos americanos. A matéria-prima é obtida em tecelagens e industrias. Tanto afinco até valeu à designer o primeiro prêmio de Design Museu da Casas Brasileira, além de mostra de designers brasileiros me Milão.
As bambuzeiras do Nordeste – Constituídas em cooperativas, produzem principalmente cabides brinquedos educativos e móveis. O projeto Bambu, como é chamado, implantou três unidades produtivas, voltadas para a capacitação de pessoas na fabricação de artigos feitos de bambu: a Bambuzeria Capricho, em Cajueiro; Bambuzeria René Bertholet, em Coruripe; e Bambuzeria Zumbi dos Palmares, em União dos Palmares. A tecnologia utilizada é simples e fácil de ser absorvida por ex-cortadores de cana. Os trabalhadores, durante o treinamento, também aprendem técnicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente. Além dos benefícios ambientais, o Projeto Bambu trouxe, principalmente, benefícios para os seus participantes. Trata-se de um programa dirigido à geração de trabalho e renda, utilizando a espécie vegetal bambu como vetor de desenvolvimento sustentável. Busca promover o bem estar físico, social, cultural e econômico propiciando atividades ocupacionais a partir da implementação de unidades produtivas (bambuzerias). Cria alternativas que superam os processos de exclusão social, com o aumento da produtividade, a diminuição de impactos ambientais e o aproveitamento integral de matérias-primas.
Os produtos de garrafa PET no Rio de Janeiro – Este projeto da Fundação Ondazul e assistência técnica da ECOPET, teve como proposta inicial a instalação de uma Usina Piloto de Reciclagem de Resíduos, na comunidade de Vigário Geral, através da capacitação de jovens em técnicas de confecção de móveis a partir do reaproveitamento de garrafas PET. Com a instalação da usina, passou-se então a objetivar a formação de uma cooperativa promovendo a geração de emprego/renda através do reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos sólidos. Atualmente o projeto encontra-se em fase de comercialização dos produtos visando a auto-sustentabilidade e apoio à cooperativas de produção, garantindo sua continuidade a ampliação. O INT – Instituto Nacional de Tecnologia – atendendo a uma demanda da Fundação Ondazul, elaborou um manual de consulta para designers e projetistas em projetos de produtos que utilizem garrafas PET como matéria-prima…O manual também orienta a implantação de novas unidades manufatureiras, visando a expansão do programa de reciclagem em outras comunidades, como já acontece na Mangueira.

5 – A reflexão sobre a responsabilidade social

Deve-se destacar que em muitos projetos e introdução da educação ambiental no currículo ainda se apresenta como uma solicitude de criação de disciplina. Isto é preocupante, porque revela o desconhecimento das características essenciais da educação ambiental, e ao mesmo tempo dos documentos oficiais nacionais e internacionais, que desde o ano de 1977 estabelecem o marco referencial teórico e as grandes diretrizes de implementação da educação ambiental.
Em nível de reflexão, a Unesco propõe uma revisão dos próprios conteúdos, até hoje tido como consensuais, para educação ambiental.
Assim coloca em discussão formas de atuar sobre a consciência publica, buscando reorientação das práticas educativas, entendidas como suporte para a sustentabilidade. Sugere maior debate, relativo ao estilo de vida/consumismo e ao mesmo tempo, a inclusão definitiva nas pautas educacionais de relações temáticas como ética, cultura e eqüidade. Propõe, enfim uma reorientação na representação da Educação Ambiental, revitalizando com muita firmeza, práticas educativas ambientais assentadas em uma concepção de meio ambiente, estritamente natural, menor, diante da efetiva complexidade que envolve o tema.

6 – Design Social e Gestão

E aí qual a responsabilidade do Design frente a esta enormidade de comunicação que geramos que queremos que sejam vistas, sejam lembradas. Por quem, para quem se caso não tivermos mais a terra para mostrar o que um design é capaz de fazer.
É importante lembrarmos de cobrar de nossas instituições, informações pertinentes que venham a contribuir com nosso conhecimento e informações, para que sejamos profissionais conhecedores e, antes de mais nada,pessoas dignas e que possamos com nossa criatividade e conhecimento dar a terra e aos homens uma oportunidade para mudar.
É de responsabilidade do design gerar uma conscientização nas empresas em que trabalha, para que tenham o conhecimento e a informação da educação ambiental repassando-a para a sociedade, não se preocupando apenas com o lucro, sabemos que é importante para a geração de renda, como para suprir os empregos, mas até que ponto esta empresa está realmente sendo colaboradora.
É importante que as instituições tenham uma visão holística, que tenham uma clara noção dessa mudança e das conseqüências que ela poderá trazer para a educação.
Gestão em Design traz uma visão mais integrada, permeando toda a empresa desde o desenvolvimento de produtos e serviços até a sua comercialização e devendo ter uma preocupação com o destino final.
A evolução da sociedade trouxe novos atributos ao desenho industrial como as definições de ícones, formatos de telas, utilização de softwares e outros termos da informática envolvidos no design das tecnologias da informação e criação de produtos e serviços ecologicamente corretos, objetivos do ecodesign, e a ampliação da inserção e participação dos indivíduos em seus ambientes e no ambiente público em geral – incluindo deficientes físicos, idosos, populações carentes, etc… meta do design social. Prática que tem sido apontada como um dos principais fatores de sucesso de uma empresa.

7 – Conclusão

Cremos firmemente que uma fala ambientalista voltada à ação educativa, ou comumente chamada de educação ambiental e responsabilidade social, obrigatoriamente deve levar em consideração as problemáticas que sustentam todas as formas de vida existentes sobre a terra. Excluir, segmentar não incluir nos debates/reflexões algum aspecto da vida das sociedades, das culturas, dos singulares indivíduos, em sua estrita correlação com o meio natural, stricto sensu, é incorrer em grave equívoco conceitual.
Trata-se, portanto, de um momento de reflexão, um ensaio em que críticas fundamentadas, realizadas sobre atividades desenvolvidas, podem subsidiar avanços superações no âmbito das práticas que as instituições educacionais e de pesquisa e as empresas procuram viabilizar por conta da necessidade crescente de harmonia entre progresso tecnológico e meio ambiente saudável. Fazer com que as nações cresçam, economicamente, respeitando os limites da ecologia é uma das premissas do que se chama desenvolvimento sustentável.
É de fundamental importância, o design entender que quando ele trabalha com sustentabilidade não é só um produto mais a adaptação de toda uma cultura que será influênciada.
A educação tem um grande potencial transformador. Num primeiro momento de forma individual, porque toda transformação deve começar primeiro em nós mesmos, conseqüentemente os que estão em nossa volta serão beneficiados.
Este artigo se finda com um estímulo à divulgação de práticas didáticas de responsabilidade social, educação ambiental e sustentabilidade, utilizando-se de experiências, estratégias e de subsídios para a melhoria da formação do formador de designes.


http://paulooliveira.wordpress.com/2007/10/27/a-responsabilidade-do-design-social/

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