terça-feira, 13 de abril de 2010

Design Participativo

A proposta do Design Participativo é valorizar a participação de usuários durante o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. Através de oficinas e ferramentas colaborativas, os usuários participam ativamente da definição das características do que está sendo projectado.

Design Participativo é parte da transição das Sociedades de Massa rumo às Sociedades Civis. O consumidor assume seu papel de cidadão, participa da criação de bens culturais, exercita a crítica e atua politicamente.

Abordagem escandinava

Existem várias abordagens para o Design Participativo, porém, cabe ressaltar o pioneirismo da abordagem escandinava. Durante os anos 1960 e 1970 foram desenvolvidos projetos para a democratização da tecnologia envolvendo pesquisadores, sindicatos e operários. Em 1977, o governo da Noruega promulgou uma lei que exigia a participação de trabalhadores na reestruturação de seu ambiente e ferramentas de trabalho, porém, a participação dependia da mediação dos sindicatos.
Em 1981, o projeto UTOPIA tentou superar as limitações de participação com a inclusão de trabalhadores no processo de desenvolvimento de tecnologias. O projeto UTOPIA foi referência para diversas pesquisas subseqüentes, particularmente na área de Computer Supported Cooperative Work (CSCW). A partir dos anos 1990, algumas empresas produtoras de tecnologias passaram a incluir o design participativo no seu leque de métodos para a pesquisa e desenvolvimento de produto.

Vantagens

Uma das vantagens (e desafios) do design participativo é sua capacidade de motivar as pessoas a se envolverem no delineamento do futuro a partir das experiências vividas no passado e no presente. Tendo vivência real da situação, os participantes podem contribuir com propriedade, enfatizando os aspectos que lhe são cruciais, como:
o dilemas políticos
o tabus
o relações de poder
o fluxo de trabalho
o afetividade
o dialetos

Debate e consenso

Como os interesses e vivências são diferenciados para cada pessoa, a todo momento, converge-se ao debate. Além de discutir os sistemas, os participantes descobrem entre si novas visões sobre as situações vividas e o efeito destas visões na própria situação, conscientizando-se assim do papel político do cotidiano no delineamento da própria sociedade.
Como a participação pressupõe a atuação coletiva, é preciso chegar ao consenso para progredir num mesmo caminho. Os desejos de uma pessoa podem ser diametralmente opostos a de outra pessoa e, mesmo numa mesma pessoa, podem haver desejos contraditórios. É preciso, portanto, consensualizar os desejos que todos concordem que sejam realizados. O desejo transforma-se, então, num objetivo claro a que todos estão conscientes. Cada ação no grupo será balisada nesse objetivo, mas esse objetivo poderá ser, a cada ação, reavaliado.
A crítica deve ser incentivada, especialmente para perceber a presença de forças sociais externas à atividade projetual. É preciso cuidar para que os objetivos consensualizados não entrem em forte contradição com os interesses de subgrupos ou indivíduos, privando-os de sua liberdade.

Limitações

A abordagem política de design participativo desenvolvida na Escola Escandinava não é muito difundida no Design de Interação, pois não é possível aplicar os mesmos métodos empregados na cultura escandinava em culturas diferentes, como ambientes corporativos que não são caracterizados pela alta união, por uma legislação que assegura o papel do usuário no design do sistema ou por um processo de desenvolvimento de software de pequena escala.
Com raras exceções, quando o termo aparece fora do contexto escandinavo é para descrever exercícios pontuais de “como seria se fosse diferente do que é...”, que fazem parte de processos pouco participativos.

Como fazer

Não existem muitas referências práticas sobre como proceder ao adotar o Design Participativo em projetos de Design de Interação. Os autores argumentam que a prática depende muito da situação e não se pode generalizar um processo válido para qualquer situação.
Entretanto, alguns elementos são recorrentes em processo de Design Participativo.

Estudo Etnográfico

Antes de iniciar a participação direta, é comum fazer estudos etnográficos para compreender melhor a situação em que o Design Participativo se baseará.
Rituais de comprometimento
Os promotores do processo de design abordam membros da comunidade, em grupo ou individualmente, para convencê-los da importância do engajamento no processo. Dessa forma, firma-se o comprometimento entre a comunidade.

Oficinas Participativas

Quando a comunidade está engajada, podem ser promovidas oficinas para construir colaborativamente conceitos e protótipos de novas tecnologias. Numa mesma oficina, podem ser executados diferentes métodos para desvelar aspectos da situação e das tecnologias que não haviam sido levados em consideração inicialmente.

Jogos Organizacionais

Os jogos são formas de testar e aperfeiçoar as propostas de mudança da situação. Podem ser criados cenários hipotéticos, encenações, simulações ou competições.
Prototipação
A prototipação é essencial para facilitar a participação de pessoas não treinadas nas formalizações e abstrações necessárias para compreender o funcionamento de um software.

Slides

Nos slides abaixo são elencados os principais pontos para compreender Design Participativo como uma metodologia de projeto.

http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/35



Design Participativo, por exemplo, é uma abordagem utilizada há décadas em diversas áreas — do Planejamento Rural ao Planejamento Urbano, passando pela Arquitetura, Design de Produtos e pela própria Engenharia de Software. Implica numa prática em que as pessoas influenciadas pelo que está sendo projetado participem ativamente de suas definições. No Design de Interação, esta abordagem começou a ser utilizada para a arquitetura de sistemas na Escandinávia, nos anos 70. Ampliou sua aplicação quando diversos estudos ligados ao trabalho colaborativo mediado pelo computador (CSCW) passaram a preconizá-lo como forma de tornar as interfaces mais adaptadas para as dinâmicas sociais que são por elas mediadas. A partir dos anos 90, algumas empresas produtoras de tecnologias passaram a incluir o design participativo no seu leque de métodos para a pesquisa e desenvolvimento de produtos.
Uma das vantagens do design participativo é sua capacidade em trazer para negociação múltiplos aspectos de uma mesma situação. Tendo a experiência da vivência real da situação, os participantes podem contribuir com propriedade, enfatizando os aspectos que lhe são cruciais. Como os interesses e vivências são diferenciados para cada pessoa, a negociação é um momento em que uma rica totalidade de visões converge ao debate. O resultado é uma síntese de múltiplas determinações calcadas na realidade, não uma visão idealista do que poderia ser e ainda não é.
No processo de design participativo de um software, a interface é apenas a ponta do iceberg; o tema principal das discussões são as possibilidades de uso do software, ou seja, para que ele servirá, como será apropriado por cada participante, qual será o impacto em suas vidas e etc. Neste sentido, o design participativo pode ser um meio para superar as delimitações de área por produtos (ex: Engenharia de Software, Design de Interfaces, Web Design), que induzem ao foco alienado nas micro-estruturas. Design de interação pela abordagem participativa representa uma das formas de implementar na prática o escopo amplo em que a área se auto-define: projetar interações entre seres-humanos.


http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100127090907AApV9fG

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